A genética influencia, sim, na preferência da criança por um brinquedo, mas os seus valores também – e muito! Entenda por que você deve estimular qualquer tipo de brincadeira (sem fazer restrição por conta da cor e do tipo)

Meninos e meninas possuem, de fato, diferenças no tempo do desenvolvimento de algumas áreas do cérebro que refletem no gosto que eles terão por brinquedos. As áreas do lado direito do cérebro, ligadas às questões visuais, são desenvolvidas mais precocemente nos garotos. Por isso, ele utiliza o brinquedo como ferramenta, para chacoalhar, montar, empilhar, organizar e usar conceitos lógicos. As meninas desenvolvem primeiro as áreas que envolvem linguagem e afetividade. Elas têm facilidade com relações pessoais e são atraídas por expressões faciais em bonecos.

No que você acredita?
Pensar nas mudanças pelas quais a nossa sociedade passou mostra que essa inclusão nas brincadeiras apenas acompanhou os avanços pelos quais nós todos passamos. Se há 30 anos o número de mulheres que trabalhavam era menor, agora é crescente a presença delas no mercado de trabalho. Esse aumento fez com que a distribuição de papéis dentro de casa se modificasse. Em algumas famílias, o papel de cuidador da mulher está invertido, há cada vez mais casos em que a mãe trabalha e o pai fica com os filhos. Essas mudanças chegaram às brincadeiras também. Quando a criança troca de papel, treina como lidar com relações diferentes e emoções, tanto dela mesma como das outras pessoas. É um treino de tolerância e de lidar com a diversidade. Para Mauro Muszkat, neuropsicólogo infantil da Unifesp (SP), essa “pode ser uma vantagem adaptativa”. “Estamos em uma sociedade diferente e precisamos pensar em brincar de uma forma múltipla porque os novos tempos preparam desafios com papéis diferentes nas funções sociais”, afirma.

Quando você estimula seu filho a brincar com vários tipos de brinquedos, dá a ele a chance de desenvolver habilidades que vão ser importantes para o futuro dele, incluindo até a escolha da carreira. Se uma menina se diverte com blocos, ela tem mais chance de conseguir um desempenho melhor se pensar em ser engenheira; se tiver carrinhos, vai desenvolver mais a motricidade e o pensamento espacial e pode ser uma melhor motorista, por exemplo. O menino que brinca com bonecas pode ter mais facilidade para se relacionar com outras pessoas e entender melhor as mulheres – e essa não é a maior queixa feminina?
Fontes: Lais Fontenelle Pereira, coordenadora de educação do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana; Maria Cristina Capobiano, psicóloga infantil da Unifesp (SP); Renata F. Fernandes Gomes, psicóloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Violência e Relações de Gênero – Nevirg – da Unesp/Assis (SP); e Raymundo de Lima, professor da Universidade Estadual de Maringá (PR)
http://revistacrescer.globo.com/Bebes/Desenvolvimento/noticia/2013/03/tem-diferenca-entre-brinquedo-de-menino-e-de-menina.html
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